terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Museu das Minas e do Metal


Museu das Minas e do Metal
Originally uploaded by Haroldo Kennedy


Estava lendo o livro de Oliver Sack, O Tio Tungstênio (Editora Cia da Letras). Com o subtítulo de "Uma infância química".  Isto se passa dos 8 aos 14. Tenho uma inveja sadia dele sobre seus feitos, e ao mesmo tempo o parabenizo por ter começado a fazer tanto com apenas 8 anos. 

Ele nasceu de uma família que valorizava o estudo. Seus dois pais eram médicos. Conheciam tanto a ciência, como a profundidade do desejos humanos, e principalmente no que se refere aos seus pacientes, não os tratavam somente da doença, mas sim o ser humano com a doença. 

Seus tios todos com inclinação para física, química ou cientistas aplicados. Ajudavam-no no seu aprendizado empírico e intelectual nos laboratórios de sua fábrica ou garagens. 

Ficou praticamente sozinho na 2a guerra, afastado dos pais por quatro anos, numa cidade no interior da Inglaterra. Quando voltou,  as feridas eram muitas, e a única maneira de curá-las eram as leituras de clássicos, biografias como a de Mary Curié, que ganhou aos 10 anos. A química,  a física,  revistas científicas, experiências, brincadeiras com os seus dois melhores amigos, tudo isto ligado a prática da química. Os testes com seus rabanetes para provar a existência de Deus. Suas visitas aos melhores museus de Londres, os aparelhos que ele tinha em casa, mesmo quando garoto, são impressionantes, alguns deles nunca os tive, como o espectômetro de bolso! Olhei hoje na internet para ver quanto custa: R$450,00, ainda vai demorar para que eu veja as interferências  das chamas ou das luzes das estrelas e tentar saber qual  metal que as compõem. 
Enquanto isto estou (re)lendo um capítulo por dia o livro de Química *, que estudei no Coteom. O professor se não me falha a memória tinha o sobrenome Claret, que por sinal, encontrei-o  acidentalmente no ano passado, aposentado voltou a trabalhar como engenharia química pela Vale do Rio Doce.  

Voltando ao livro, O Tio Tungstênio, que dá o nome ao livro, é o tio de Oliver que responde de tudo para ele e para seus outros primos. Ele tem este nome por causa da sua fábrica de lâmpadas de tungstênio, e suas mãos pretas do pó fino deste metal.

É um romance da química! Acho que seria muito difícil um aluno não entender como se chegou em vários conceitos de química e a disposição da tabela periódica através de seus exemplos que vão colocando cada elemento no seu quadrado no devido tempo, e retirando se fosse o caso, mas com as explicações que são quase que autoevidentes! Seria muito, muito, muito, difícil não entender, como dizia  o Indiana Jones... Principalmente porque tendo as maquininhas que parecem brinquedo de cientista ilustram  os princípios físicos do livro quase como um todo.  

Se não fosse somente a boa explicação, os mecanismos para explicar os conceitos,  frases de quem  era contra as novas idéias,  dos que chegaram a conceitos novos e corretos, por exemplo, da quebra do átomo e voltaram atrás: Marie Curié!  Não dá para acreditar! Esta faceta mostra como temos que persistir e ao mesmo tempo, reavaliar sempre as nossas idéias!   O lado humano desses gênios como Lavoiser ou Faraday, este último demorou dez anos para elucidar a questão da geração de campo elétrico pela variação do campo magnético. Ou seja, ter tido  a noção que era somente balançar um imã para ter gerado um campo elétrico varíavel no condutor! Foram 10 anos!!!!  Certamente aprendemos que Faraday criou uma lei, mas nunca mencionaram o quanto tempo ele levou para dar um passo ou último.  Nada foi rápido e linear na ciência.  As coisas funcionaram muito nos saltos e sonhos! O sonho de Kekulé, está contado no livro, junto também o sonho de Mendeliev. O primeiro é a solução para a estrutura molecular do benzeno, que tem duas ligações duplas que se movem dento de um "anel" de ligações. Kekulé sonhou com uma cobra mordendo o próprio rabo. Mendeleiev sonhou com uma tabela em que os elementos estavam dispostos numa ordem crescente de massa atômica e suas repetições.  

Se ganhasse uma bolada na megasena, eu já teria um projeto de escolha lá para minha terra, Caxambu, uma escolha completa, música, ciëncia, laboratório, filosofia, internet, escultura, pintura, biblioteca e esportes. Queria dar a população de lá a oportunidade que Oliver Sacks teve, pelo menos materialmente, pois a outra parte tem que vir mesmo é da família, caso não se consiga, entre os professores e por último os alunos desta futura escola. Quero que muitos tenham mais oportunidade para um mundo mais justo, não para estes que passaram por lá, pois isto seria somente uma semente, mais justo para a outra geração que virá. 

Porque a foto do Museu de Minas e Metais?

Por que meu sonho ainda é ser um geólogo!!



* Referência do livro de Química:

 SIENKO, Michel Joseph e PLANE, Robert A. ; Química tradução Ernesto Giesbrecht, Lelia Mennucci e Artréa Mennucci Giesbrecht 6ª edição, São Paulo,1978.

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